Na maior enchente da história do Rio Grande do Sul, jornais do interior do Estado ampliaram suas coberturas e liberaram acesso da população a informações cruciais em tempo de crise climática, abrindo seus paywalls e reforçando as edições digitais. A exemplo de milhares de empresas gaúchas, muitos enfrentam o sofrimento de membros de suas equipes desalojados pelas águas, além de danos a equipamentos e perdas de receitas pela queda de publicidade e pela dificuldade de levar as edições impressas às comunidades.
Foi o que aconteceu em Rio Grande, com o renovado jornal Agora. “Nossas edições estão paradas da gráfica, em Cachoeira do Sul, no Jornal do Povo. Não há estradas para o deslocamento. Ontem (terça-feira) apareceu uma luz no fim do túnel, talvez consigamos repor nossas edições aos assinantes até o final de semana”, avaliou o Editor do jornal, Alessandro Leite. Mas a situação que a zona sul está passando agora, pode ser alterada e as cidades da costa doce ficarem isoladas. “Hoje – quarta-feira, tivemos a maior suba na Lagoa, a cidade está inundada e encontra-se em Estado da Calaminadade Pública. Estamos engajados em agilizar o processo, mas nesse momento o que realmente está importando é salvarmos vidas”, colocou Leite.
“Estamos com problemas com a normal diminuição de publicidade. Ao contrário das grandes mídias do Brasil, que vendem matérias, os famosos publipost, sobrevivem de acordo com o vento. Nós aqui, além de sermos contra esse tipo de jornalismo, sofremos com os comércios fechados, que acaba acarretando na diminuição de receitas”, avaliou Alessandro, que lembrou que mesmo assim, “continuamos com nossa equipe em campo, cobrindo o maior desastre ambiental do Estado em nossas redes Agoranewsrg e pelo digital www.agoranewsrg.com.br
“As estradas desapareceram”
A tragédia que assola o Rio Grande do Sul também causa prejuízos para o Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, cuja central de impressão roda outros 25 periódicos da Fronteira Oeste, da Zona Sul e da região Central do Estado.
“As estradas simplesmente desapareceram”, diz Eladio Dios Vieira da Cunha, diretor do Jornal do Povo, um dos membros da Associação Nacional de Jornais (ANJ) no Estado. Em Cachoeira do Sul, a Ponte do Fandango resistiu, mas a água passou por cima do asfalto da principal via de acesso à cidade.
“Para imprimir jornais a outras cidades são necessários não só equipamentos e estrutura de funcionamento, mas também uma logística de entrega muito especial para garantir a colocação do jornal de manhã cedo nas respectivas cidades”, explica Vieira da Cunha. “Infelizmente, foi perda de faturamento para nós e, mais grave ainda, a impossibilidade de circulação dos jornais que a gente atende aqui”, completa.
“Aos poucos as estradas vêm sendo recuperadas e a gente vai achando caminhos para conseguir retomar a impressão desses jornais conforme os contratos vigentes”, emenda com uma dose de otimismo. Depois de submersa, a Ponte do Fandango foi reaberta nesta terça-feira (14). A BR 153 agora é uma rota emergencial entre a zona urbana e a BR 290.
Em Porto Alegre, os jornais mais atingidos são a Zero Hora e o Correio do Povo, que tiveram os parques gráficos inundados e se viram obrigados a evacuar as redações. Conforme relatado na semana passada, o Grupo Sinos, de Novo Hamburgo, se prontificou a imprimir alguns milhares de exemplares de Zero Hora e do Pioneiro, de Caxias do Sul, enquanto o parque gráfico da RBS seguir fora de operação.
Hélio Gama Neto/Redação Agora